segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Essas flores nunca foram suas...


_Com licença... Cecília?
_Desculpe, mas não quero ouvi-la, agora.
_Acho que você não tem escolha. Preciso realmente lhe falar.
_O que foi dessa vez? Mais uma vez querendo me tirar a felicidade? Ouça, estou em uma das melhores fases de toda a minha vida, e não quero que nada estrague isso, entendeu bem?
_Cecília, nós duas sabemos que isso não é verdade...
_Vá embora! Já disse que não quero ouvi-la.
_Mais cedo ou mais tarde você sabe que eu voltarei, e falarei cada vez mais alto. Você sabe o quanto posso incomodá-la e, se preciso for, o farei.
_Já não bastam noites mal dormidas? Comprimidos? Intermináveis dores de cabeça? O que mais você quer de mim? Diga-me, vamos!
_Você sabe que meu objetivo não é causar nenhum mal a você...
_Pois não parece. E, quer saber? A verdade é que estou em uma fase extremamente triste, confusa... Realmente não tenho a mínima ideia do que fazer, o que pensar... E você ainda quer piorar ainda mais a situação?
_Vim justamente para mudar isto. Venha comigo, tenho algo a mostrar-lhe.
_Para onde? Não, eu não vou. Não quero saber do que se trata, vindo de você.
_Você não tem mais escolha. Sabe que deve ouvir-me. Agora falo sério.
Não havia escapatória. Seria talvez, o fim de uma luta interna extremamente difícil. Cecília não poderia adiar mais ouvir a voz de sua própria Consciência. A moça fechou os olhos e se deixou levar para onde ela deveria ir.
_Mas o que está acontecendo aqui? Que lugar é esse? Fernando... Que bom poder vê-lo por aqui, já estava ficando com medo e... Rosas! Ele está comprando rosas para mim? Não acredito que me fará essa surpresa, que felicidade! Meu Deus, será que ele finalmente vai se declarar?   
A voz de sua Consciência permanecia calada, e fez um sinal para que a Razão finalmente entrasse em cena e cumprisse o seu papel.  
_Consciência, mas por que não fala? Estou muito feliz!_dizia Cecília._ Estou com Fernando, olhe como ele está bonito, e comprou rosas para mim! Mas... Espere um pouco. Quem é aquela mulher... Não!
Cecília apertou os olhos, e duas lágrimas, uma de cada lado, rolaram por seu rosto. Manteve-os fechados, no entanto. Por mais que fosse difícil encarar a realidade mostrada pela Razão, a reflexão deveria ser terminada.
_Por quê? Minhas flores preferidas para... Outra mulher? Essas flores são minhas!
_As flores nunca foram suas, Cecília._interrompeu-a a Consciência.
_O que você quer dizer com isso? Como nunca foram minhas?
_Fernando nunca retribuiu seus sentimentos.
_Bobagem, você está falando coisas totalmente sem sentido.
Novamente, Cecília parou por mais um momento. A Razão a estava levando para lugares pelos quais ela nunca tinha passado. Lugares estes que a Ilusão nunca havia mostrado a ela. A moça agora passava finalmente pela realidade.
_É uma questão de pensar um pouco mais.
Deixando de apertar os olhos, Cecília parecia mais serena.
_Fernando... Ele nunca me amou?
_Não.
_Mas... E tudo que aconteceu conosco?
_Culpe sua criatividade, Cecília. Você criou isso tudo. Um mundo de fantasia, uma história de amor com apenas uma personagem. E isso é que trouxe todas as conseqüências que agora você sente. A Ilusão te enganou. Apresentou-te ao medo, à angústia, à tristeza...
_Mas como pude deixar chegar a esse ponto?
_Você não quis me ouvir. Deixou que a Ilusão a guiasse ao invés de sua própria Consciência.
_Nunca pensei que fosse tão difícil encarar a realidade.
_Acredite em mim, é ainda mais difícil viver de Ilusão, como você estava fazendo.
_Mas eu o amo tanto...
_Eu mais do que ninguém sei. E também sinto. Mas chegou a hora de crescer, ter a coragem necessária para mudar o seu destino. É chegado o tempo de começar a amar-se e respeitar-se mais. Esta é e sempre foi a realidade, Cecília. Apenas você não quis enxergá-la.
_E o que eu faço, agora? Não tenho mais forças e nem ânimo... Sinto que até agora tudo foi em vão, e minha vida pode ser inteira comparada a um baile de máscaras.
_No qual você sempre teve participação muito ativa.
_Eu nunca usei máscaras! Sempre fui sincera e honesta.
_Você usou a pior das máscaras. Você se escondia de você mesma. Recusou-se a olhar para suas próprias necessidades. Você mesma foi a sua pior inimiga.
_Chega! Isso não faz sentido algum! Como eu mesma pude querer me prejudicar?
_Pense bem. Pense nas noites em que não conseguiu dormir pensando em coisas que não te levaram a lugar nenhum, tantas conversas sem sentido que não lhe acrescentaram nada...
_Não estou acreditando nisso... E quanto ao Fernando?

Continua no próximo post! =D

2 comentários:

  1. Que lindo!! *-* Estou super curiosa para ler a continuação!!! Não demore muito!! Bjs

    ResponderExcluir
  2. Eu já te falei que esse negócio de "Continua no próximo post" é tenso, né?

    ResponderExcluir

Comente para me deixar contente! :D