_Com licença... Cecília?
_Desculpe, mas não quero ouvi-la,
agora.
_Acho que você não tem escolha.
Preciso realmente lhe falar.
_O que foi dessa vez? Mais uma
vez querendo me tirar a felicidade? Ouça, estou em uma das melhores fases de
toda a minha vida, e não quero que nada estrague isso, entendeu bem?
_Cecília, nós duas sabemos que
isso não é verdade...
_Vá embora! Já disse que não
quero ouvi-la.
_Mais cedo ou mais tarde você
sabe que eu voltarei, e falarei cada vez mais alto. Você sabe o quanto posso
incomodá-la e, se preciso for, o farei.
_Já não bastam noites mal
dormidas? Comprimidos? Intermináveis dores de cabeça? O que mais você quer de
mim? Diga-me, vamos!
_Você sabe que meu objetivo não é
causar nenhum mal a você...
_Pois não parece. E, quer saber?
A verdade é que estou em uma fase extremamente triste, confusa... Realmente não
tenho a mínima ideia do que fazer, o que pensar... E você ainda quer piorar
ainda mais a situação?
_Vim justamente para mudar isto.
Venha comigo, tenho algo a mostrar-lhe.
_Para onde? Não, eu não vou. Não
quero saber do que se trata, vindo de você.
_Você não tem mais escolha. Sabe
que deve ouvir-me. Agora falo sério.
Não havia escapatória. Seria talvez,
o fim de uma luta interna extremamente difícil. Cecília não poderia adiar mais
ouvir a voz de sua própria Consciência. A moça fechou os olhos e se deixou
levar para onde ela deveria ir.
_Mas o que está acontecendo aqui?
Que lugar é esse? Fernando... Que bom poder vê-lo por aqui, já estava ficando
com medo e... Rosas! Ele está comprando rosas para mim? Não acredito que me
fará essa surpresa, que felicidade! Meu Deus, será que ele finalmente vai se
declarar?
A voz de sua Consciência
permanecia calada, e fez um sinal para que a Razão finalmente entrasse em cena
e cumprisse o seu papel.
_Consciência, mas por que não
fala? Estou muito feliz!_dizia Cecília._ Estou com Fernando, olhe como ele está
bonito, e comprou rosas para mim! Mas... Espere um pouco. Quem é aquela
mulher... Não!
Cecília apertou os olhos, e duas
lágrimas, uma de cada lado, rolaram por seu rosto. Manteve-os fechados, no
entanto. Por mais que fosse difícil encarar a realidade mostrada pela Razão, a
reflexão deveria ser terminada.
_Por quê? Minhas flores
preferidas para... Outra mulher? Essas flores são minhas!
_As flores nunca foram suas,
Cecília._interrompeu-a a Consciência.
_O que você quer dizer com isso?
Como nunca foram minhas?
_Fernando nunca retribuiu seus
sentimentos.
_Bobagem, você está falando
coisas totalmente sem sentido.
Novamente, Cecília parou por mais
um momento. A Razão a estava levando para lugares pelos quais ela nunca tinha
passado. Lugares estes que a Ilusão nunca havia mostrado a ela. A moça agora
passava finalmente pela realidade.
_É uma questão de pensar um pouco
mais.
Deixando de apertar os olhos,
Cecília parecia mais serena.
_Fernando... Ele nunca me amou?
_Não.
_Mas... E tudo que aconteceu
conosco?
_Culpe sua criatividade, Cecília.
Você criou isso tudo. Um mundo de fantasia, uma história de amor com apenas uma
personagem. E isso é que trouxe todas as conseqüências que agora você sente. A
Ilusão te enganou. Apresentou-te ao medo, à angústia, à tristeza...
_Mas como pude deixar chegar a
esse ponto?
_Você não quis me ouvir. Deixou
que a Ilusão a guiasse ao invés de sua própria Consciência.
_Nunca pensei que fosse tão
difícil encarar a realidade.
_Acredite em mim, é ainda mais
difícil viver de Ilusão, como você estava fazendo.
_Mas eu o amo tanto...
_Eu mais do que ninguém sei. E
também sinto. Mas chegou a hora de crescer, ter a coragem necessária para mudar
o seu destino. É chegado o tempo de começar a amar-se e respeitar-se mais. Esta
é e sempre foi a realidade, Cecília. Apenas você não quis enxergá-la.
_E o que eu faço, agora? Não
tenho mais forças e nem ânimo... Sinto que até agora tudo foi em vão, e minha
vida pode ser inteira comparada a um baile de máscaras.
_No qual você sempre teve
participação muito ativa.
_Eu nunca usei máscaras! Sempre
fui sincera e honesta.
_Você usou a pior das máscaras.
Você se escondia de você mesma. Recusou-se a olhar para suas próprias
necessidades. Você mesma foi a sua pior inimiga.
_Chega! Isso não faz sentido
algum! Como eu mesma pude querer me prejudicar?
_Pense bem. Pense nas noites em
que não conseguiu dormir pensando em coisas que não te levaram a lugar nenhum,
tantas conversas sem sentido que não lhe acrescentaram nada...
_Não estou acreditando nisso... E
quanto ao Fernando?
Continua no próximo post! =D


Que lindo!! *-* Estou super curiosa para ler a continuação!!! Não demore muito!! Bjs
ResponderExcluirEu já te falei que esse negócio de "Continua no próximo post" é tenso, né?
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