domingo, 6 de novembro de 2011

"A long walk to never..."


Eles se encontraram de novo. Desta vez, ambos sabiam que seria a última vez.
O céu estava acinzentado. A brisa, porém, era suave. Parecia que tudo conspirava para uma despedida. A despedida. É claro que voltariam a se falar, e eventualmente aconteceria um encontro ao acaso. Mas o momento estava passando. Não seria a mesma coisa. E eles sabiam.
Ela o avistou de longe, sentado no banquinho da praça, onde haviam combinado de se encontrar. O coração batia muito acelerado, a respiração era ofegante. Ela tinha prometido a si mesma que seria forte. E enquanto a distância diminuía, ela pensava em tudo que tinham vivido até aquele momento. O coração a traíra, novamente.
_ Está atrasada...
_ Desculpe, acho que estava tomando coragem.
_ Tomando coragem, sempre dramática.
_ Você sabe por que eu estou aqui. Aliás, porque nós estamos aqui.
_ Não... _ Agora, quem estava ofegante era ele. Porque ele sabia, sempre soube.
Ela virou-se e o olhou de lado. Seu olhar era profundo e cheio de carinho.
_ Olha para mim. _ Pediu ela.
_ Não consigo.
_ Olha... _ E ele sentiu a mão leve dela em seu queixo, virando sua cabeça suavemente para que olhasse para ela.
  _ Acho que nós temos que parar de fingir que nada está acontecendo. _ Disse ele, finalmente.
_ Temos que parar de fingir que nada “aconteceu”. Tudo vai ficar no passado.
_ Eu sei. Confesso que isso dói um pouco.
_ Bastante.
_ Odeio essa lei da vida. _ Disse ele, levantando-se. Virou-se para ela e continuou. _ Eu não sei se quero ouvir o que você tem para me dizer.
_ Eu não falarei nada. _ Ela disse, surpreendo-o. Levantou-se, pegou uma das mãos dele e juntou com a sua. _ Eu não preciso falar. Vou sofrer muito menos se deixar as coisas como estão.
_ Eu sei, me desculpe. Isso tudo me deixa muito nervoso.
_ A mim também.
_ Mas... Tem uma coisa que eu gostaria que você soubesse.
_ Diga.
_ O que você sente, eu sinto a mesma coisa. Sempre senti.
_ Eu sei. E também sei por que não aconteceu.
A brisa ficou mais forte.
Ela colocou carinhosamente uma das mãos no rosto dele.
_ Nós dois sabemos que foi melhor assim, não é?
_ Eu acho que sim. Nesse assunto nunca existe certeza.
_ Eu vou sentir muitas saudades.
_ Eu também, você sabe que será sempre lembrada com um carinho muito especial.
_ Você também. _ Ela sentiu uma forte dor no peito. _ Bom, está na minha hora. O avião parte daqui a pouco.
_ Não sou muito bom com despedidas, mas... Cuide-se.
_ Sim. Então, até logo.
_ Até.
Ela virou-se e foi andando em direção ao carro. Eles nunca se abraçavam. “Ora, uma única vez, não haverá problema.”
_ Espera! _ Gritou ela.
Ele virou-se e foi andando em direção a ela.
Os dois foram se aproximando, como nunca antes haviam se aproximado.
_ Eu nunca te esquecerei. _ Disse ela, já com lágrimas nos olhos.
_ Eu posso fazer um pedido?
_ Claro.
_ Posso...?
_ Esperei muito por isso...
E seus lábios finalmente se encontraram num beijo. O primeiro. Único. Inesquecível.

Ele beijou a mão dela e disse “Adeus”. Viraram-se, para seguir cada um o seu caminho. Eles sabiam que não poderia acontecer. Eles sabiam que era melhor assim. Mas eles também sabiam que se amavam muito, de um jeito especial. Uma história de amor profunda e única, que só eles entendiam. E bastava. Eles seguiriam mesmo caminhos diferentes. Mas sempre se lembrariam um do outro. E cada vez que essa imagem viesse à memória, um sorriso tímido escaparia, e surgiria sempre o mesmo “Será?” e, logo em seguida, “Foi melhor assim.”. 



P.S.: Essa crônica não é parte integrante da história entre Fernando e Cecília.

Um comentário:

  1. Sééériooo, a primeira coisa que eu ia perguntar era se este post era continuação dos anteriores! hauhaiahuaa

    Amiga, você escreve os diálogos tão bem! Quando se lê parece que na verdade é uma conversa ouvida. Fica bem sonoro, natural... Não sei se estou fazendo sentido.

    E sobre a estória... Isso aocntece demais, né? Histórias que têm tudo para dar certo, mas nunca acontecem.

    Beijos

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