sexta-feira, 14 de outubro de 2011

“Somos suspeitos de um crime perfeito...”


_Infelizmente, ainda não houve melhoras significativas, senhora.
_Tenho fé que logo esse pesadelo acabará, doutor.
_Também espero que sim, senhora. Agora, com licença, vou deixá-las a sós._disse o médico, caminhando em direção à porta do quarto.
A mulher, com o semblante sofrido, observava a filha deitada sobre o leito do hospital. Dois meses haviam se passado, e a moça continuava dormindo, como se estivesse perdida em seu próprio mundo. De fato.
_Me parece que está melhor hoje... Não é mesmo, querida? _dizia Clarice, enquanto passava os dedos suavemente entre os cabelos de Cecília.
Cecília apenas dormia.
_Mamãe hoje está muito feliz. Seu pai finalmente conseguiu aquele aumento no salário que tanto esperávamos, você se lembra? Torcemos tanto por isso, não foi? Agora poderemos investir ainda mais no restaurante. Está tudo bem por lá, mas continua tão vazio sem você, minha filha... Quando você vai acordar, querida? Mamãe sente tantas saudades...
De repente, ouviram-se alguns toques na porta do quarto. Uma visita tão inesperada para Clarice quanto seria para a própria Cecília.
_Fernando?_disse a senhora, surpresa.
_Olá, Clarice, como vai?
_Bem, na medida do possível. Mas sempre com muita esperança. Você me parece bem melhor.
_Estou sim, obrigado. Mais alguns exames de rotina e poderei finalmente tirar o gesso e voltar a trabalhar normalmente, segundo o médico.
_Fico muito feliz.
Fernando se aproximou da cama e observou Cecília. Um aperto no peito fez com que necessitasse respirar fundo para recuperar o ar.
_E como ela está?
_Dormindo, como um anjo... O médico diz que seu estado continua estável, mas para mim, ela está melhor a cada dia. Fico contente que tenha vindo visitá-la.
_Desculpe não ter vindo antes, não estava preparado ainda.
_Entendo. Cecília iria gostar muito de saber que esteve aqui.
“Não tenho tanta certeza. Mas eu precisava vê-la”. Fernando não sabia mais o que fazer. Uma confusão de sentimentos havia tomado conta dele desde aquele dia. Um dos dias mais horríveis de sua vida. O dia que perdera não apenas a consciência por alguns instantes, mas a grande oportunidade de contar a verdade a Cecília.
_Está tudo bem, Fernando?_perguntou Clarice, interrompendo as lembranças que insistiam em atormentá-lo cada dia mais.
_Sim... Acho que sim. Não se preocupe, às vezes me pego viajando em pensamentos..._dizia, enquanto vira-se para pegar um ramo de flores que havia deixado sobre uma mesa que ali estava._Trouxe essas flores...
_Rosas! As preferidas da minha filha... Ai!_Clarice havia se machucado com um dos espinhos das flores._Que descuidada! Com licença Fernando, vou ao banheiro lavar essa ferida. Você se importa de ficar um pouco com ela?
_De modo algum.
Assim que Clarice deixou o quarto, Fernando caminhou rumo à Cecília segurando o ramo de flores.
_Olhe, minha querida, trouxe as rosas vermelhas mais lindas que encontrei especialmente para você.
Fernando deixou as flores sobre a mesa e pegou suavemente na mão da amiga.
_Sabe, tem tantas coisas que não ficaram esclarecidas entre nós. Queria que você soubesse que eu... Eu realmente preciso de você, Cecília.
O rapaz respirou fundo novamente. Desta vez, no entanto, as lágrimas lhe traíram.
_Posso parecer extremamente egoísta ao dizer isso, mas... Pra ser sincero, saber que você estava sempre ali, ao meu lado, me dava forças para seguir em frente. Sem você não há para quem correr, não há quem abraçar... Sabe aquele abraço sincero que só você sabe dar? Você é única, Cecília. Você não sabe o quanto é importante para mim. Eu pensava que pessoas eram insubstituíveis até conhecer você. Queria tanto ter a oportunidade de dizer o quanto sinto sua falta, o quanto fui tolo em te deixar partir... O quanto sinto por aquele acidente... Acidente que eu mesmo provoquei, não era para você estar lá... Ah, minha querida...
Para a surpresa do rapaz, Cecília apertou os olhos, exibindo um aspecto de dor e desespero.
_Cecília?! Você está... Acordando?? O que está acontecendo?? _dizia Fernando, enquanto apertava bruscamente o botão responsável por chamar as enfermeiras.
A moça continuou com os olhos apertados por mais alguns momentos, mas depois seu rosto transfigurou-se para um aspecto sereno.
_Cecília?? Cecília?? _dizia Fernando, enquanto apertava a mão da moça e checava os batimentos de seu coração.
Clarice caminhava pelo corredor quando viu duas enfermeiras correndo em direção ao quarto de sua filha. Desesperada, correu ao encontro delas e... Para a surpresa de todos, algo inesperado havia finalmente acontecido.
Cecília abrira os olhos.

Um comentário:

  1. Aiiiin *-*
    A continuação!
    Agora publica a continuação até terça (daquelas exige até a data! huahuauhauahuahuaa)
    Estou curiosa!

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